Iniciaremos uma série de artigos onde contaremos uma jornada.
Este caminhar tem muita semelhança com A Jornada do Herói, um processo junguiano de individuação, nos parâmetros definidos por Joseph Campbell, em O Herói de mil faces.
O Tarot funcionará como um GPS desta viagem interior, indicando pontos onde podemos passar com tranquilidade e outros onde, se quisermos progredir, temos que vencer obstáculos, enfrentando o que carregamos dentros de nós mesmos.
O Louco seria quem inicia a Jornada. Esta visão está descrita no livro Jung e o Tarô, de Sallie Nichols.O Louco normalmente é representado por um jovem andando distraído, prestes a cair num precipício, sendo alertado por um cão.
Ele é a carta zero do Tarot, mas também pode ser a de número 22, indicando um eterno ciclo. A sequencias de cartas do Tarot às vezes é conhecida como A Jornada do Louco, onde ele vai encontrar com cada um das cartas e aprenderá algo com ela. Num contexto divinatório, ele simboliza um nascimento, físico ou simbólico.
O Louco seria alguém que está iniciando um processo de evolução. Por isso a carta é associada ao nascimento. Ele, no momento em que está retratado, está se lançando no mundo, deslumbrado, mas indiferente aos perigos. Ele vai ter que aprender e a primeira lição que terá é confiar na intuição, representada pelo cão que o afasta do abismo, presente na maioria das representações do Tarot.
O processo não será simples, pois ele terá que sair deste deslumbramento prazeroso para passar pelos perigos e revezes da vida, para por fim se tornar um indivíduo completo.
Este deslumbramento pode ser quebrado por um choque. O Louco pode cair no abismo. A alternativa é encontrar alguém que lhe indique ao menos que caminhos seguir. Na nossa vida pessoal isto é feito por nossos pais e outros educadores.
No processo de individuação, isso é feito por um mentor, que pode ser um amigo, um terapeuta, alguém que já tenha de alguma forma passado pelo processo e pode mostrar ao Louco pelo menos o início do processo.
O Mago – O ilusionista que se torna Mago
Este mentor é representado pela carta de O Mago. Sua função é mostrar os caminhos.
Na Jornada do Herói ele pode ou não acompanhar o protagonista. Se ele não o acompanhar, dará recursos pra fazê-lo. Merlim é um mentor que acompanha o herói, Arthur, por quase toda a vida dele, mudando de papel conforme ela progride. Outro mentor que acompanha o herói é Gandalf, de O Senhor dos Anéis. Ou ainda, Obi-wan Kenobi, na trilogia Clássica de Star Wars. Porém Dorothy, de O Mágico de Oz terá que caminhar sozinha após ter recebido os sapatinhos dourados (item mágico) e James Bond também estará só, após ter recebido vários “itens mágicos” de Q.
O Louco é um herói masculino no Tarot, porém quem inicia a jornada pode ser uma mulher (é o caso de Dorothy e de Alice) e o mentor pode ser também uma mulher (Glinda, em O Mágico de Oz). Há mentores masculinos para mulheres (O Gato de Cheserie, em Alice no País das Maravilhas). Há também mentoras femininas (mais raro) para heróis masculinos. Perseu tem como mentora Atenas, que lhe deu o escudo, embora mais dois deuses, Hades e Hermes tenham lhe dado artefatos na sua luta contra a Medusa. Ou novamente Glinda, em Oz, Mágico e Poderoso, como mentora justamente de alguém que se tornará O Mago.
No Tarot de Marselha e em vários outros, O Mago é representado por um ilusionista de feira, que engana as pessoas com truques. Uma representação perfeita deste mago é justamente O Mágico de Oz, principalmente como ele é representado no filme Oz, Mágico e Poderoso. Um poder falso que depois se revela verdadeiro, por que as pessoas (e ele mesmo) passam a acreditar.
Um outro personagem que se encaixa na figura de O Mago é o criador do circo moderno, B. T. Barnum, retratado com uma boa dose de imaginação no filme O Rei do Show. Em uma das falas do filme ele diz que as pessoas sabiam que o que ele estava mostrando não era real, mas elas queriam comprar a ilusão. Não é isso que fazemos quando vamos ao cinema?
Uma outra coisa que Barnum fez for dar voz como artistas a vários excluídos: anões, obesos mórbidos, pessoas com gigantismo, mulheres barbadas. Hoje olharíamos com muitas reservas o tipo de exploração que ele fazia destas pessoas, mas considerando que ele estava no século XIX, isso foi digno de nota.
E esta é a primeira lição de O Louco: acreditar em si mesmo.
Espetacular ❣️ obrigada 🙏
Obrigado pelo comentário.
Grato pelo comentário.
Amei, parabens pelo trabalho, pela iniciativa