Um dos principais questionamentos sobre a Astrologia é que se tudo já está traçado desde o nosso nascimento, na realidade não temos livre arbítrio.
A palavra “arbítrio” significa “escolha”. Ou seja, entre um leque de opções podemos escolher uma.
Normalmente o conceito de livre arbítrio esta atrelado preceitos religiosos, das tradições judaico-cristã e islâmicas e se refere a dom que Deus nos de escolher entre o Bem e o Mal. Mas nem nessas tradições ele parece muito firme. Por exemplo Calvinismo existe o conceito de “predestinação”, de que já nascemos destinados ao céu ou inferno e que nossa liberdade é uma ilusão. No islamismo também, baseados na onisciência de Alá, dizem que tudo já está escrito.
No racionalismo do século XVIII surge o mecanicismo, que também contamina o pensamento científico até hoje: somos escravos das leis físicas e nossa consciência é apenas um fenômeno derivado destas interações físico-químicas, totalmente predizíveis (se conheço todas as variáveis presentes, posso prever o próximo instante e assim sucessivamente) e o modelo do ser humano seria o relógio. Isso deu origem a vários mecanismos chamados de autômatos, com aparência humana que faziam vários movimentos pré programados.
O que quebra este modelo é Física Quântica através do Princípio da Incerteza de Heisenberg, que pode ser exemplificado assim (ele é bem mais complexo do que isto): se eu conheço a posição de uma partícula não sei sua velocidade e seu eu sei sua velocidade, não sei sua posição. Isso provocou uma forte reação de Einstein que disse:
– Deus não joga dados com o Universo!
Que teve a seguinte resposta de Stephen Hawkins:
– Joga sim e num lugar onde não consegue ver seus resultados.
A Física Quântica, de certa forma, nos devolveu o livre arbítrio.
Então como é que fica a Astrologia?
Podemos pensar que temos livre arbítrio, porém existem limitações que às vezes não podem ser contornadas ou contornadas de modo muito complicado. Se eu tenho 1,50m não conseguirei jogar basquete. Se peso 100 kg não poderei ser jóquei. Isso contudo não me impede de praticar algum esporte.
Há outras limitações de ordem biológicas por exemplo: cor da pele, estatura, tendências a determinados problemas de saúde, que estão gravadas no DNA.
Há limitações de ordem psico social (que podem ser mudadas, mas não de uma maneira muito fácil): nasci em um determinado país, do qual absorvi seus costumes e o idioma, uma determinada classe social, uma determinada família com todo o seu histórico de várias gerações, etc..
E temos o nosso mapa astrológico, que guarda bastante semelhança com as limitações acima descritas e segundo alguns astrólogos, interagem com elas. Será que temos um mapa deste tipo nascemos num determinado país, ou por que precisávamos de um mapa deste tipo que nascemos neste país?
A astrologia que conhecemos hoje é fruto de um ressurgimento em meados do século XIX, após ter quase desaparecido no século XVIII, logo após a revolução francesa. Ela ressurgiu na Inglaterra no meio da Era Vitoriana, agregando em sua re-interpretação os valores desta sociedade e da ciência vigente, que era mecanicista. Havia um esforço dos astrólogos da época em provar que ela era científica, tentado se enquadrar no modo de pensar cartesiano e desta forma voltar e ser aceita nos círculos intelectuais.
No século XX, nos anos 70, como o Movimento Hippie e sua busca por uma sociedade ideal, a Astrologia ganha uma roupagem mais colorida e libertária, mas ainda estaríamos a mercê dos astros, que nos conduziriam magicamente à utópica Era de Aquário.
Hoje, três tendências se verificaram: uma, o surgimento da astrologia psicológica, que teve um precursor importante, que foi Carl Jung e, uma segunda, a volta da Astrologia Medieval e outras vertentes históricas e a terceira, a astrologia cármica.
Na Astrologia Psicológica, a busca pelo auto-conhecimento passa a ser mais importante que as predições. Nas históricas tenta-se resgatar as visões do passado, sem a contaminação do que foi agregado a partir das descobertas dos planetas “trans saturninos” e rejeitando qualquer interpretação vinda de outras fontes, como a mitologia e da astrologia psicológica. Por fim, a Cármica tem justamente a função de tentar compreender o que nos acontece a partir de nossas vidas passadas.
Eu sigo a linha da Astrologia Psicológica, tendo por base a frase de Nicolau Machiavel: “O homem prudente superará as estrelas”.
Assim, nesta visão, vejo o mapa como um conjunto de desafios e presentes que estão aqui para evoluirmos enquanto pessoas. Uma quadradura ou uma oposição não vão sair do mapa, porém seus efeitos serão sentidos com maior ou menor conforme eu os tiver trabalhado.
Eu costumo dar como exemplo pessoas na praia tendo diante de si o mar. A areia, o sol, e a água são iguais para todos, porém, alguns terão medo de entrar na água, enquanto outros vão se divertir. Alguns preferem apenas tomar sol, mas destes, alguns esquecem de passar protetor solar e vão voltar com a pele ardendo para casa. A praia é igual para todos, mas cada um a vivenciará de acordo como o que tem dentro de si.
Assim são os mapas astrológicos. Vivencie o seu da melhor maneira possível. Seja prudente: supere as estrelas.
E use filtro solar!