No Brasil, no dia 6 de janeiro, celebra-se o dia do astrólogo. O motivo é que neste mesmo dia é celebrado o Dia de Reis e, a partir da descrição presente no evangelho de Mateus, eles foram chamados de “magos” por terem conhecimento de astrologia. A passagem faz sentido quando aparece a frase:
“Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
Posteriormente Herodes os questionou para saber a exatidão do local, coisa que seus conselheiros, após examinar as profecias, não conseguiram informar. Isso mostra o grau de conhecimento destes astrólogos.
Como a Estrela de Belém pode ser um fenômeno astrológico, que poderia ser calculado observando-se os céus, vários astrólogos já se debruçaram sobre o tema.
Há algumas dificuldades para esta tarefa. A primeira delas é a imprecisão considerável da data de nascimento de Cristo. A data foi estabelecido pelo monge Dionísio, o Pequeno, no século VI e contém um erro de cálculo de 4 a 6 anos (Jesus teria nascido então por volta de 5 AC), isso na melhor das hipóteses.
Dado que a data é incerta, mas os astros não respeitam calendários e cálculos humanos, mas seguem as leis de Kepler, isso de certa forma dá uma grande variação de datas possíveis. Então dentro da janela de tempo de 8 AC a 2 DC, poderia se procurar um grande evento astronômico e astrológico que indicasse o nascimento de um rei. Não um rei qualquer, mas um grande rei que justificasse a saída dos reis magos de seus países (vejam só ele não eram simples emissários, mas reis!)
Um dos primeiros a investigar foi próprio Kepler, que sugeriu uma conjunção Júpiter-Saturno no signo de Peixes, que teria ocorrido por volta em setembro do ano 7 AC.
Uma das objeções é que uma conjunção Júpiter-Saturno é um evento raro, mas não tão raro assim e ocorre de 20 em 20 anos. Poderia ser o nascimento de um rei, mas só mais um rei! Teria que ter mais alguma coisa mais dramática.
De cometas a supernovas várias forma as hipóteses levantadas. Cometas não tinham um ciclo conhecido e portanto não poderia ser previsto pelos supostos reis magos e normalmente sua aparição seria associada a catástrofes e não a nascimento de reis. Do mesmo jeito que se alguma supernova aparecesse, coisa boa não seria já que se acreditava na época na imutabilidade divina do céu. E não há registos de observações de cometas e supernovas no ocidente naquele período.
Em 1999, o astrônomo norte-americano Michael Molnar conjecturou que a Estrela de Belém corresponde à ocultação do planeta Júpiter pela Lua. A Lua, passando na “frente” de Júpiter, o esconde por um período de tempo. O seu ressurgimento poderia ser interpretado como o nascimento de um Rei, já que Júpiter estaria associado à realeza. Isso correu em 17 de abril do ano 6 a.C.
Apesar da poesia desta hipótese, ainda é apenas uma hipótese.
De qualquer forma, estes reis, se fossem realmente astrólogos, seriam muito bons! Eles determinaram a hora e o local exato onde ocorreria o nascimento e tinham tanta certeza que não hesitaram em sair dos seus países para irem ver o rei recém-nascido!
Nossas homenagens aos reis magos pela sua sabedoria e ousadia e aos astrólogos que tem seguido seus passos ao longo dos últimos séculos.