Costuma-se dizer que astrólogos que lidam com a Astrologia Mundial (ou Mundana) são arautos do apocalipse. Não que eles quisessem, mas desde que surgiram como profissão, quer para governantes quer para o público em geral muitas vezes foram chamados para isso mesmo: prever desgraças.
Ao lado disso, há uma crença, bastante forte entre os gregos (e é deles que herdamos a sistematização da astrologia) de que o destino é imutável e ir contra ele é na realidade ir em direção a ele, como bem soube Édipo.
Saber o próprio destino seria uma maldição, como bem retratou Kurt Vonnegut em seu excelente livro Timequake – Tremor no Tempo, onde, por um capricho do Universo, o tempo, em vez de expandir-se deu salto de 10 anos para o passado e todos reviveram esses dez anos, mas sem o livre arbítrio.
Quem sofreu como acontecido foram as pessoas que tinham feito alguma besteira da qual tinham se arrependido e quem tinha uma vida rotineira e monótona sequer percebeu o que aconteceu.
Entretanto, quem é astrólogo profissional quase sempre é procurado por quem quer uma predição, por mais que diga que está apenas buscando o autoconhecimento.
E no caso da Astrologia Mundana, por mais que a pessoa diga que não acredita, no dia 31 de dezembro está de olho nas previsões para o ano seguinte, torcendo secretamente para que tenha alguma desgraça, de preferência no outro lado do mundo. Afinal, notícia boa não vende jornal.
Isso acabou gerando uma especialização não oficial em prever desgraças. Estamos convivendo com arautos do apocalipse o tempo todo e desde o fracasso do fim dos tempos do ano 2000, a cada ano uma nova data é “calculada” para o fim do mundo, sendo precedida pela advertência “Arrependei-vos”.
Eu particularmente acho (e eu penso que Freud e Jung, se não acharam, deveriam ter achado) o desejo do fim do mundo está bem profundo no inconsciente e é irmão do medo da morte. Parece um paradoxo, porém, a partir do momento em que sei que vou morrer e minha morte será extremamente solitária, a morte total do mundo que eu conheço acaba com a solidão deste momento. Todo mundo morre junto.
No caso da Astrologia Mundana, é bom considerar o mote atribuído a Maquiavel mas que parece ser comum no homem renascentista: “O homem prudente superará as estrelas”.
Prever desgraças seria um meio de dar informações ao homem prudente. Com certeza, mesmo um ser humano de uma fé inabalável não conseguiria deter um terremoto, mas saber com antecedência que ele vai ocorrer pode fazê-lo reforçar a viga do telhado ou ir visitar um parente bem distante.
Mas, e as notícias boas?
Vamos dar uma olhada no mapa do eclipse de 01/09/2016. Eclipses por uma razão psicológica importante, arraigada no nosso Inconsciente Coletivo são vistos como possíveis arautos de desgraça, por significarem uma ocultação de um astro importante, seja o sol ou a lua.
Entretanto existem outros aspectos que vão estar influenciando neste dia, com uma energia significativa, embora bem menor que o eclipse em si.
Por exemplo, Plutão em trígono com o Sol pode significar abertura de caminhos. O efeito transformador de Plutão pode não ser só destruição daquilo que é antigo mas a limpeza do terreno para que algo novo cresça ali. Ainda que num primeiro momento se veja o terreno todo destroçado. O que devemos ter cuidado é o que será plantado (ou evitar o que não deve ser plantado). O que deve ser bastante complicado já que (desconsiderando uma possível reviravolta) estamos saindo de uma presidenta que alguns não queriam para um (vice) presidente que a maioria não querer. Com reviravolta ou sem, o terreno atualmente só tem escombros.
Plutão também está em trígono com a Lua. Lua é sensibilidade e Plutão representa o poder. Lua também representa o povo. Será que por algum milagre divino os poderosos demonstrarão alguma sensibilidade em relação aos anseios do povo? Tomara. Porém lembro uma frase atribuída a Giordano Bruno: “É inútil pedir aos poderosos que mudem o poder”.
No nível coletivo, representa um aumento da compreensão entre as pessoas. Talvez o fim do clima “nós versus eles”, lembrando que ter uma ideologia não é sinal de bom ou mau caráter. A gente “tem” ideologia e não “é” ideologia. Em nível individual, como Plutão é o planeta da transformação, esse é o momento de iniciar processos de mudança pessoal que envolvem velhas emoções arraigadas. Abandone medos, raivas, tristezas e culpas, sobretudo as muito antigas.
Urano faz trígono com Marte e Saturno conjuntos. Marte é o gatilho do processo em andamento com Saturno. O que pode ser visto como terrível, e Urano está ali, justamente o planeta das revoluções. Entretanto aspecto é positivo, pois Urano não derruba estruturas ou se o faz permite que se reergam. Isso pode indicar que este seja um período difícil, porém um renascer vindouro. E não é a pizza. Mantenhamos a fé naquilo que acreditamos ser bom para o país.
Em nível individual indica aumento de criatividade sobretudo com criação de conceitos fora do convencional. Talvez vejamos algumas mudanças significativas nas artes. Eu sinceramente espero que seja na música, com o fim do funk de gravadoras (feito com CRTL-C CRTL-V) ou sua evolução para algo mais melódico.
Por fim Netuno está em trígono com Lilith. Lilith representa o processo de individuação feminino. Na atual conjuntara, se perguntarmos Lilith de que lado ela está, ela dirá: do meu. Netuno é planeta das grandes ideologias, do misticismo e da ilusão (dependendo do contexto). No caso, ele dará forças e um arcabouço ideológico para os movimentos feministas, porém as lideranças feministas deverão ter muito cuidado para não serem usadas e depois traídas.
Porém, a mulher prudente superará as estrelas.