A Força é uma carta aparentemente paradoxal. Na nossa cultura, atribuímos a força física ao gênero masculino, porém na maioria dos Tarots ela é representada por uma moça que delicadamente fecha a boca de um leão.
Alguns como Tarot Mangá ou o Tarot Mitológico colocam uma figura masculina enfrentando alguma fera poderosa somente com as mãos.
Esta carta representa o instinto (Id) sendo dominado pela razão, mas isso só é efetivo quando é feito com suavidade pelo Ego. Se for de forma violenta como sugerido nos tarots Mangá e Mitológico resultará em um trauma. O Id contido violentamente se rebelará de alguma forma, às vezes até fisicamente, gerando uma doença.
Assim, o Ego buscará fazer isso de forma suave, daí a representação tradicional da Força, uma moça que delicadamente fecha a boca do leão. O Leão aceita passivamente a intervenção da moça, embora tenha força para resistir. Por que ele permite isso? A moça pode ter feito todo um trabalho de aproximação, conquistando a confiança do animal aos poucos até o ponto dele aceitar seu comando.
Podemos confiar no leão? Não, se lembrarmos que ele é um animal. Sem a presença da moça ou se ela se descuidar, ele poderá se manifestar. Ele, embora dócil sob o comando de A Força, pode se rebelar a qualquer momento.
Nas cartas marcadamente masculinas, o animal será destruído ou neutralizado violentamente. Mas, de fato, o Id nunca poderá ser derrotado desta forma. Se estiver sob forte pressão contida poderá se transformar na Sombra junguiano, “o lado negro da Força”, dentro da metáfora de Guerra nas Estrelas.
Há também a inversão numérica da carta 8 e 11 no baralho Waite e outros que o usam como modelo. Não se sabe por que ele optou por essa inversão, mas ambas as cartas são uma limitação à liberdade do Herói da carta 7, O Carro. A justiça impõe uma limitação moral, fazendo cumprir as normas do Imperador – uma contenção de fora pra dentro – e a Força representa uma auto limitação – uma contenção de dentro para fora. Talvez Waite achasse que a auto contenção da Força vindo primeiro era mais condizente com o desenvolvimento humano.
Preferimos manter a ordem original, pois, no nosso entender, primeiro vem uma limitação externa para depois vir uma limitação interma.
Assim o Louco, após ter vivenciado o vai e vem da Roda da Fortuna, descobre que para seguir na jornada precisa disciplinar seus instintos.