Tyr ou Tiwaz é uma runa associada ao deus da guerra Tyr, que equivale ao Ares grego e ao Marte romano.
Entretanto ao contrário do esquentado Ares, que brigava por qualquer motivo, Tyr é um deus da guerra ponderado, que entra em batalha apenas se ela for justa. É estranho pensar nisso, levando em consideração que os Vikings eram um povo guerreiro. Por outro lado, talvez justamente por isso, o seu deus da guerra tivesse que ser mais moderado.
Tyr simboliza também a coragem. Ele normalmente é representado sem a mão direita. Ele a perdeu arrancada pelo Lobo Fenrir, quando foi prendê-lo.
E há um terceiro significado para Tyr, que aparece nos versos rúnicos:
A Estrela Guia Tyr é um símbolo que merece a confiança dos nobres. Sempre indica a direção na escuridão da noite, jamais falha.
Tradução livre: Mirella Faur
Os versos se referem à Estrela Polar, usada para orientação no hemisfério Norte. Os nobres na realidade são os navegantes. A runa Tyr é uma lança cuja ponta é Polaris, a estrela guia.
Assim, reunindo todos os significados de Tyr, podemos dizer que esta runa simboliza a coragem de seguir os próprios caminhos e é neste sentido que criaremos a nossa meditação.
Qual é o seu caminho?
Se você pesquisar a na internet vai achar milhares de receitas pra descobrir seu “propósitos de alma”, o que antigamente era chamado de vocação. O significado original da palavra vocação é chamado era usado para quem se sentia atraído pelo serviço religioso (sacerdotes, frades e freiras). Com o tempo se ampliou para qualquer profissão. Vocação seria a resposta à pergunta que se fazia a uma criança: o que é que você vai ser quando crescer?
A resposta poderia ser uma das carreiras disponíveis no mercado de trabalho. Quando a questão da espiritualidade foi levantada, esta pergunta passou a ser: qual é seu propósito de alma? Ou qual a sua missão?
A resposta que se busca hoje é muito mais abrangente do que a escolha de uma carreira, pois o propósito de alma pode guardar uma relação com uma carreira profissional, mas é muito mais do que isso. Será a resposta que daremos no final da vida ou em uma das metanoias da segunda fase da vida: maturidade ou terceira idade à pergunta: valeu a pena?
Metanoias
Jung chama de metanoia às fases onde corre mudanças significativas na vida e normalmente associadas com crises:
- Adolescência, os chamados teenagers que vai dos 13 aos 18 anos. Em relação ao nosso tema é quando normalmente escolhemos nossa profissão e estamos no ensino médio prontos para escolhermos uma carreira técnica ou decidirmos ir para a faculdade num curso superior;
- Idade adulta. Entre os 18 e os 40 anos. É o processo de responsabilidade. Agora não seguimos um sonho, mas assumimos o papel de cônjuge, pai, mãe. É quando você vive os versos do Chico Buarque: Todo dia eu só penso em poder parar / Meio dia eu só penso em dizer não / Depois penso na vida pra levar / E me calo com a boca de feijão. Há um ponto importante, onde pode surgir um questionamento pessoal e uma crise: os 30 anos. É justamente o retorno de Saturno (aos 29 para ser mais exato).
- Maturidade. Entre 40 e 55 anos. Aqui tem a chamada crise da meia idade ou a idade do Lobo e da Loba, onde parece haver um retorno da vivacidade juvenil da adolescência, quando se tenta recuperar a todo custo a juventude perdida. Há muitos divórcios, saídas abruptas de um emprego sólido, casos extraconjugais com parceiros muito mais jovens;
- Terceira idade. Entre os 55 e os 70 anos. Aqui surge uma crise gerada pela aposentadoria, a síndrome do ninho vazio e o aproximar da velhice e da morte, e também tem segundo retorno de Saturno (por volta dos 58 anos).
São estes pontos de crise que iremos explorar na nossa meditação.
Meditação
- Relaxe seguindo seu método preferido;
- Você está numa estrada, com marcos de quilometragem, só que em vez de espaço, esta marcada a sua idade. A primeira que você vê é o aqui e agora, ou seja, a idade que tem hoje. As marcas sua idade tem a cor azul para anos comuns e em vermelho para as metanoias: 18, 29, 40 e 58;
- Veja quando é sua próxima metanoia e caminhe até ela. Se tem menos de 18, são os 18 anos, menos de 29, são os 29 e assim por diante. Se estiver exatamente no aniversário de uma das metanoias pode escolher entre ficar neste ponto ou caminhar até a próxima. Se tiver 58 anos ou mais, fique onde está;
- Vire-se para trás e olhe sua estrada. O que você vê? Aqui está a primeira pista: a forma da estrada. Com o ela é? Reta? Cheia de curvas? Há bifurcações? Em que ponto elas estão?
- Faça a si mesmo a pergunta: até aqui valeu a pena? Se sim, tudo bem, se não pergunte-se: o que poderia ser diferente? Há como corrigir hoje? Se houver bifurcações, ande até o ponto onde ela está e veja para onde levaria o desvio. Aqui você tem outras pistas. Sonhos abandonados no passado que ainda têm um apelo para você hoje podem ter a ver com seu propósito de vida. Se não tiver como retornar a este sonho, veja algo semelhante que possa ter o mesmo efeito sobre você. Não se atenha a tarefas profissionais. Seu sonho pode ser simplesmente viajar pelo mundo e conhecer pessoas;
- Viaje um pouco mais para o futuro até a próxima metanoia. Se, por exemplo, fez a avaliação anterior com 29, faça com 40 e assim por diante. Tente imaginar este futuro se você tivesse feito aquele desvio lá atrás ou feito uma nova escolha hoje (se respondeu “valeu a pena” imagine-se fazendo que ainda faz hoje). Se tiver mais de 58 anos, imagine um futuro daqui há dois ou cinco anos;
- Refaça os passos 5 e 6 até atingir a última metanoia (58 anos) e depois vá viajando para o futuro, num período que for confortável (cinco em cinco anos, por exemplo) até os 70 anos e dê um salto “quântico” indo dos 70 por exemplo aos 150 ou 200 anos ou qualquer data limite que extrapole a expectativa da vida humana. Aos 150 anos o que você vai ver é seu legado: o que você deixou para as gerações futuras? Não se preocupe em criar fantasias grandiosas. O seu legado pode ser simplesmente uma boa lembrança entre seus amigos e familiares, ou algum valor pessoal seu que está sendo repassado para seu tataraneto. Se tiver mais de 70 anos é isso que vai trabalhar. Se não tiver descendentes, pense na sua obra pessoal. Talvez um livro de memórias.
- Volte para o aqui e agora. Há uma grande chance de ter encontrado o seu propósito de alma. Mas não peça demissão ou se divorcie ainda! Você deve ponderar as suas ações para mudar o curso de sua vida de forma a causar o mínimo de prejuízos para você mesmo e as pessoas que hoje preza. Teste contra a realidade: arrume um hobby que se aproxime de seu sonho, ou um plano B para tocar em paralelo ao que faz hoje.
Talvez esse simples exercício não consiga trazer uma resposta mais definida, mas aponta um caminho. Mas não fique somente com estes conceitos, pesquise, amplie e teste. Afinal é o seu Propósito de Alma.