Muitos discutem a origem do Tarot, com argumentos históricos ou com pura fantasia. Mas um conjunto de cartas, usado para fins didáticos, tem sido apontado por influenciar várias artes de Tarot. Trata-se do Tarot de Mantegna, criado por volta de 1400. Observando suas figuras percebemos alguns dos arcanos maiores do Tarot de Marselha e até de algumas Figuras da Corte.
Se olharmos cada uma de suas lâminas com atenção, veremos essa similaridade. Uma que gostaríamos de destacar é O Carro.
Há alguns detalhes na carta do Carro que podem ser notados, na maioria dos Tarots. O condutor não está com as rédeas nas mãos, cavalos estão puxando em direções opostas mas, apesar disso, o condutor parece confiante. A ausência de rédeas pode ser um sinal de uma atitude “deixe a vida me levar”, confiando no destino.
Porém é mais provável que, após inúmeras reproduções, a rédea tenha sumido e o condutor estaria se esforçando para dar uma direção à carruagem. A provável origem desta carta seja uma combinação de varias cartas presentes no tarot de Mantegna com uma ilustração de carros. Vou destacar duas delas que apresentam aspectos distintos. A primeira é o Sol.
Note que há uma criança caindo. A criança é Hele, irmã de Frixo, da lenda do Velocino de Ouro. Ambos estavam em fuga. Hele caiu no mar, mas Frixo conseguiu se salvar. Há uma mensagem astrológica: o Sol está entrando em Escorpião (ver canto superior direito), o signo da transformação. Uma transformação com uma perda significativa, o que quebra o significado geralmente otimista do O Carro (e também do Sol).
A seguir temos Marte. Marte é o planeta da ação e do movimento. Todavia, ele está num carro sem cavalos e acompanhado por um cachorro que dorme placidamente. Astrologicamente falado, Marte pode estar estacionário. Isso se contrapõe ao significado de movimento da carta do Tarot de Marselha.
Em muitas tiragens, O Carro pode ter um significado um pouco diferente do “ir em movimento” e carregado de otimismo. Dependendo do contexto, o Carro pode estar parado ou indo a uma direção onde não queremos ir.
Isso nos mostra que sempre devemos ter cuidado em interpretar qualquer arcano numa tiragem, pois nem sempre o significado “padrão” é o que vai prevalecer.