O Pendurado é carta XII do Tarot e é representado por uma pessoa está pendurada por um dos pés. Tem as mão atadas às costas. Apesar da situação incomoda, tem a expressão serena.
Às vezes esta carta é traduzida como “O enforcado”, porque em alguns idiomas (o inglês, por exemplo) a mesma palavra é usada para os dois significados(hanged). Em português parece estranho uma pessoa ser “enforcada pelos pés”, por isso preferi o tradução O Pendurado.
Um dos castigos medievais era pendurar uma pessoa desta forma em praça pública. Por ter um dos pés livres o condenado achava que poderia se libertar e num primeiro momento, faria tudo para escapar, diante da multidão que se divertia com o desespero do condenado. Após algum tempo, a pessoa nesta situação se conformava com isso e aceitava esta condição.
O significado básico desta carta é resignação: aceitar a situação da forma que se encontra, sem tentar nenhuma saída.
Isso é bom ou ruim? Dependerá do contexto. Essa punição era geralmente aplicada a delitos leves e mais cedo ou mais tarde (esse tempo era determinado pela gravidade do delito) alguém viria libertá-lo. O objetivo maior da punição era a humilhação. Aceitar esta condição o mais rápido possível minimizaria o sofrimento. Porém, se o tempo de permanência nesta posição for demasiadamente longo, a pessoa morre. Édipo foi pendurado desta forma quando bebê para que morresse.
O Pendurado tem um paralelo muito forte com as Runas. A origem deste oráculo é uma situação em que Odin foi pendurado desta forma. Um caçador ignorante que, não reconhecendo o deus em seu disfarce, o aprisiona e o pendura em uma árvore em sacrifício ao próprio Odin!
O deus ficará nove dias e nove noites nesta posição e quando a vida estava se esvaindo, num esforço desesperado faz um gesto carregado de energia, cria as runas e as agarra no ar, libertando-se, assim está como descrito neste poema:
Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,
Lá balancei por nove longas noites,
Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odin,
Eu em oferenda a mim mesmo:
Amarrado à árvore
De raízes desconhecidas.
Ninguém me deu pão,
Ninguém me deu de beber.
Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,
Até que vi as Runas.
Com um grito ensurdecedor peguei-as,
E, então, tão fraco estava que caí.
Ganhei bem-estar
E sabedoria também.
Uma palavra, e depois a seguinte,
conduziram-me à terceira,
De um feito para outro feito.
O Louco, em sua viagem pelos arcanos maiores do Tarot, descobre que existem coisas na vida que ele não pode mudar. Mas, assim como há coisas que ele julga poder mudar e não pode, há coisas que julga imutáveis, mas que podem ser mudadas ainda que com um grande esforço. Aprende também que tanto a ação sem resultado como a inação podem ser prejudiciais. Resta adquirir a sabedoria para distinguir uma coisa da outra.