Esta é a terceira e última parte de minhas previsões para 2014, baseadas no Tarot Encantado.
Na primeira parte, vimos o centro da Cruz Celta.
Na segunda parte, vimos as cartas que circundam o centro.
As quatro cartas seguintes são a coluna de cartas da direita que formam o desfecho da previsão.
Começando de baixo pra cima, começamos pela carta oito. Esta carta representa o sujeito diante do problema, suas atitudes, a maneira como encara o que está lhe acontecendo ou o que deseja, ou ainda um primeiro conselho sobre o que fazer numa situação estagnada ou negativa.
No nosso caso, é Príncipe de Ouros. Ele simboliza o trabalho diligente, sem uma grande renda, mas constante e sólida. O emprego convencional, o serviço público. Ou ainda a fase de poupança para a aquisição do capital para um negócio. O movimento é lento, mas seguro.
No cenário que acabamos de traçar (nos artigos anteriores) o Príncipe de Ouros representa o colocar os pés no chão: a euforia consumista contida, o torcedor que consegue discernir que a Copa é apenas um jogo e o eleitor e manifestante mais consciente. O conselho é vá, mas vá com calma e sabendo onde pisa.
A carta nove representa o ambiente e as condições exteriores. No nosso caso, como escolhemos interpretar a leitura centrada no povo brasileiro, representa o próprio país.
A carta que saiu na nossa leitura é Dez de Copas. Ela aparentemente contradiz o que vem sendo dito até agora. Ela é extremamente feliz, representando uma festa, que coroa um resultado. Mas é o ambiente onde as coisas acontecem. Ao ver esta carta, lembrei-me da frase da carta de Caminha: “Em se plantando tudo dá.” O que deixou o rei de Portugal decepcionado, porque o que ele estava procurando era riqueza sem trabalho, como a Espanha havia obtido no Novo Mundo. As condições são extremamente favoráveis, se agirmos como o Príncipe de Ouros e não como o Rei de Portugal à época do Descobrimento.
Posição da carta dez representa Esperanças e Temores. Ela normalmente é bastante difícil de interpretar, pois representa aquilo que desejemos e ao mesmo tempo tememos. Fica claro com um exemplo, um artista quer ser famoso mas teme que o sucesso lhe tire a vida privada ou que o sucesso lhe suba a cabeça, alterando seus valores diante da vida.
A carta que ocupa esta posição é o oito de ouros, que representa o aprendizado de novas habilidades, com o objetivo profissional e financeiro. Novamente me vem à cabeça Dom Manuel, o Venturoso. Ele estava disposto a bancar a construção de caravelas e aventurar-se pelo oceano (o que é bastante dispendioso e trabalhoso) em busca de algum El Dourado, mas não estava disposto a criar colônias nas novas terras descobertas (que poderia dar tanto ou mais riqueza que a descoberta de ouro), por que seria trabalhos.
Então o que espera e teme o brasileiro? Ele deseja a riqueza vinda de aprender uma nova habilidade e teme ter que por a mão na massa!
Por fim a carta onze, que representa o desfecho da questão ou o futuro longínquo, dentro do contexto traçado.
Temos a Temperança como carta de desfecho. Esta carta tem vários significados. O primeiro e mais óbvio diz respeito à virtude da temperança, ou seja à capacidade de perceber quando um prazer se torna prejudicial. Podemos curtir o prazer de comer mas temos que moderar para não nos tornar obesos. Por outro lado, a busca por um corpo perfeito pode nos levar sacrifícios inúteis e prejudiciais. Como diria Aristóteles, “a Virtude está no meio”.
O segundo significado vem da origem da palavra. Temperança vem de “têmpera”, a técnica de tornar um metal mais resistente fazendo mudar uma condição extrema para outra. Por exemplo, aquecemos o aço até a vermelhidão e, quase imediatamente, o colocamos em água fria.
A têmpera tornou-se uma metáfora para a moldagem do caráter. Uma pessoa que passa por muitas experiências extremas adquire ao longo do tempo uma capacidade de resistir a adversidades muito maior.
Por fim, A Temperança está associada ao trabalho do alquimista, que trabalha incessantemente em busca da iluminação. O seu trabalho esta voltado para um resultado externo, por exemplo, a busca da Pedra Filosofal, uma artefato capaz de mudar qualquer metal em ouro, mas o resultado é interno. Após um tempo nesta busca, mesmo que ele não ache a pedra, ele terá mudado internamente (por isso o nome “filosofal”, o que ele obtém não é ouro, mas a sabedoria).
Uma carta destas como desfecho de uma previsão do ano novo nos leva à reflexão. Está prevista uma grande mudança no povo brasileiro, se ele aprender a lição provocado por sua têmpera.
Alvaro Domingues – Tarólogo e-mail: oraculo@astroxaman.com cel.: (11) 9 9668 8820