Por que alguém consulta o Tarot? A maioria das pessoas o procura – como a qualquer oráculo – para saber o seu futuro, por simples curiosidade ou para tomar uma decisão. Mais raramente, para aprender algo ou buscar evoluir.
Há algumas crenças que norteiam estas consultas. Uma no destino, ou seja algo que está fora de nós que nos controla, quer seja uma divindade, se formos religiosos, a lei do Carma, se temos uma tendência mais espiritualista, ou simplesmente as leis biológicas, sociais o da história, se tivermos uma postura mais materialista.
Outra de que um oráculo, seja ele qual for, pode captar esta informação de alguma forma, por meio de intervenções de entidades (anjos, espíritos, ou que quer que seja), por meio de propriedades do próprio baralho, por meio de captação de energia, ou se formos junguianos, pela Sincronicidade ou pelo Inconsciente Coletivo.
Eu pessoalmente prefiro a explicação junguiana, por admirar Jung e por ser esta uma explicação não vinculada a crenças espiritualistas embora não as exclua. Ela tem sido bastante útil por estar no meio caminho entre a ciência tradicional e as crenças espiritualistas. E ela dá suporte ao que eu tenho observado no meu trabalho com o Tarot.
O que eu tenho observado é que, enquanto oráculo, o Tarot traz a luz o que o consulente já sabe, ainda que não saiba. Confuso com a frase sublinhada? A frase eu ouvi numa peça de teatro, dito por uma xamã sobre um processo de cura místico que operava num dos personagens, e a achei bastante pertinente.
A chave para entendê-la é o inconsciente. Ele capta tudo que está a nosso redor, mas é filtrado de forma a tornar sua vida mais confortável. O nosso futuro é moldado pelo que fizemos no passado, pelo que acreditamos, pelas condições do meio a nossa volta, por leis físicas, química e biológicas e psicológicas e pelas escolhas que fizemos, fazemos e faremos. O inconsciente sabe de tudo isso. O Tarot apenas ajuda a mostrá-lo, usando a linguagem própria de sua mente mais profunda: os símbolos.
Os símbolos precedem a escrita e talvez até a fala na história da humanidade e, por não ter um significado restrito, permitem ser interpretados de várias formas, atingindo não a mente racional, mas o nosso hemisfério direito, responsável pelos sentimentos, emoções e pela arte. O tarólogo tem a função de canalizar o significado destes símbolos e também de suas percepções sobre o consulente e transformar em algo mais inteligível e dizê-lo em palavras.
As palavras estão em outro domínio, porém, como um poeta, o tarólogo é capaz de transformá-la em veículo para transmitir algo que só pode ser sentido e não dito. Outro paradoxo? Sim. A arte é formada disso e nossa vida também.