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Sonhos e Oráculos

Corvos de van Gogh, um pintor de sonhos
Corvos de van Gogh, um pintor de sonhos

Nós colocamos no artigo anterior que os Oráculos eram um meio de alcançarmos uma comunicação com o Inconsciente.

Todavia o Inconsciente tem sua própria voz: os Sonhos.

O sonhar tem sido um mistério. Quando acordamos de um sonho, sabemos que eles são diferente da realidade, mas quando somos sujeitos de um, raramente percebemos que aquilo não é real, por mais absurdo que seja. E a percepção de que aquilo que sonhamos não se encontra em acordo com a realidade da vigília torna o mistério ainda mais profundo. A pergunta passa a ser: o que os sonhos significam?

Dreams_-_Fitzgerald

Muitos, em diversas épocas, tentaram dar uma explicação para o sonhar. Podemos agrupá-las da seguinte forma

  1. Ao sonharmos nosso espírito sai do corpo e caminha por mundos alternativos. Essa é uma explicação atraente, bastante usada na literatura e no cinema. Esta explicação está em desuso, porém vez por outra algum místico ou até um cientista lançam no ar esta hipótese. Embora o sonhar não seja isso, há um outro fenômeno, as viagens astrais, onde ocorre um desdobramento do corpo astral. Se não temos consciência destas viagens, as lembranças são as mesmas de um sonho vívido. Porém, apesar de termos alguns poderes (voar e atravessar paredes) quase sempre o mundo é esse mesmo que vivemos no dia a dia.
  2. Os sonhos são mensagens de entidades sobrenaturais, quer sejam deuses (entre eles Jeová), quer sejam demônios ou espíritos. Muitos dos sonhos premonitórios tem esta característica: vemos alguém ou algum ser que nos conta o que via acontecer. Às vezes sonhamos com alguém que já morreu. Embora não seja possível descartar a possibilidade destes encontros serem reais em alguma medida, não dá para generalizar a explicação dos sonhos.
  3. E a posição que tem prevalecido desde Freud, os sonhos, mesmo os premonitórios, são uma atividade da mente humana.

É por este ângulo que vamos encarar o processo.

 

Freud, um moderno Xaman
Freud, um moderno Xaman

Freud, em sua obra prima, A Interpretação dos Sonhos, coloca que quando dormirmos, quem dorme é o Ego e o conteúdo inconsciente fica livre para se manifestar. Não tão livre por que alguns filtros são aplicados e o que acaba acontecendo é que sonhamos sem lógica (lógica é um atividade do Consciente) e com conteúdo altamente simbólico. Os símbolos são a linguagem do Inconsciente.

Muitos filosófos e místicos do passado perceberam a conotação simbólica dos sonhos, e alguns tentaram codificá-la, escrevendo dicionários de sonhos. Estes dicionários, às vezes cuidadosamente elaborados, estabeleciam arbitrariamente estas conotações. Era como se substituíssemos numa frase uma palavra pelo seu significado simbólico. Não fica longe das interpretações populares de associar sonhos com o resultado da loteria (“sonhar com rei, dá leão”).

Freud diz que embora dê para decifrar alguns símbolos como universais (por exemplo, quando subimos uma escada estamos indo mais para o consciente e quando descemos estamos nos aprofundando no inconsciente), a interpretação dos sonhos é mais do que uma decifração de uma charada. Precisamos contextualizá-la primeiro com todo o sonho e não só um fragmento, e com a vida do paciente e seu problema presente.

Muitos outros seguiram estudando os sonhos. Freud colocava uma conotação sexual bastante onipresente em seus relatos sobre sonhos e colocava como a principal função dos sonhos a realização de desejos reprimidos (o sujeito austero e fiel à sua esposa à noite sonha que está num harém).

Jung tem uma visão mais abrangente e coloca os sonhos, os delírios de pacientes esquizofrênicos e as mitologias como oriundos da mesma fonte. Ele percebeu que o conteúdo de muitos sonhos era similar ao enredo de alguma história mitológica, e às vezes sem os sonhadores terem tido contato com estes mitos. E que alguns mitos eram comum em várias culturas. Por exemplo, o Lobisomem, que aprecem em culturas em que o contato com lobos é mínimo. Ele diz que esta fonte única é o Inconsciente Coletivo. A razão para isso, segundo ele, era que o drama humano era o mesmo para todos os povos: nascemos, vivemos a infância e adolescência, amadurecemos, envelhecemos e morremos. Todos vivemos em algum tipo de sociedade que resolve alguns problemas mas impõe uma série de restrições (segundo Freud isso nos toran todos neuróticos). É justo projetarmos isso num sonho ou num mito.

Premonições

É muito comum o relação de sonhos em que alguma medida revelam o futuro. Como dissemos no artigo anterior (link), nós percorremos o labirinto com uma visão limitada dele, enquanto que o Inconsciente consegue ver o todo.

A primeira pergunta que fazemos é: e o livre arbítrio?

Nosso livre arbítrio não é tão livre assim. Obedecemos às leis físicas que regem este planeta, estamos presos a uma cultura, a um país, a uma família e por fim, ao nosso passado, isso sem levarmos em consideração a lei do Carma. Como um sábio interno, o nosso Inconsciente pode manipular dados com um extenso número de variáveis, coisa que não conseguimos ou não queremos nos dar o trabalho. E tendo feito os cálculos, conta uma história.

E os sonhos muito detalhados?

Há o exemplo do sonho de Mark Twain que previu a morte do irmão um mês antes dela acontecer. Em seu sonho ele estava no velório do irmão e entre as flores havia um buquê de rosas brancas com uma vermelha ao centro. Quando ele chegou ao velório, havia um buque de rosas brancas. Ele pensou consigo: “só falta a rosa vermelha”. Alguns minutos depois uma moça colocou a rosa vermelha no meio do buquê de rosas brancas.

Sonhos premonitórios geralmente são ricos em detalhes e alguns deles estão ritualizados: têm uma introdução, uma úncia ação acontecendo e um fechamento, como se fosse pra deixar clara a mensagem.

A riqueza de detalhes faz suspeitar que sonhos premonitórios sejam na realidade viagens astrais em direção ao futuro.

E se tivermos um sonho premonitório? O que faremos?

Em quase todos relatos de sonhos premonitórios o sonhador as pessoas nada puderam fazer para evitar a tragédia, às vezes porque as pessoas não acreditaram (como o caso de John Kennedy, que foi avisado de sua morte por vários videntes), outras ainda por não terem tempo hábil pare evitar.

Qual é a finalidade do sonho?

Hoje em dia, a visão que se têm é que o sonhar é originado de um processo de reciclagem das ligações neuronais que ocorre durante a noite. E, neste processo, são libertadas lembranças que precisam ser reordenadas. Como se trata de material arcaico e reprimido, precisa ser elaborado para que o Consciente não sofra.

Podemos aproveitar estes enredos para aprender alguma coisa sobre nós mesmos, e assim evoluirmos.

Então, bons sonhos.

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