O Tarot é um conjunto de cartas que deu origem a nossos baralhos tradicionais de 54 cartas mais um coringa. Possui na realidade 78 cartas, sendo 22 Arcanos Maiores e 56 menores, divididos em quatro naipes (ouros, copas, espadas e paus), cada naipe com 14 cartas: um Ás, 9 cartas numeradas de 2 a 10, quatro cartas com figuras: valete ou pagem, cavaleiro, dama e rei. Note que destas quatro cartas, o baralho moderno não tem o cavaleiro e o baralho espanhol não tem a dama, mantendo o cavaleiro.
A palavra arcano significa “conhecimento antigo” e corresponde ao arquétipo da psicologia Junguiana.
Os 22 arcanos maiores estão representados na Tabela I.
Tabela I – Arcanos Maiores
Número
Carta
Número
Carta
0
O Louco
11
A Força
1
O Mago
12
O Enforcado
2
A Sacerdotisa
13
A Morte
3
A Imperatriz
14
A Temperança
4
O Imperador
15
O Diabo
5
O Papa
16
A Torre
6
Os Enamorados
17
A Estrela
7
O Carro
18
A Lua
8
A Justiça
19
O Sol
9
O Eremita
20
O Julgamento
10
A Roda da Fortuna
21
O Mundo
O Louco deu origem ao Coringa do baralho moderno. Aliás, o personagem Coringa, da HQ Batman representa muito bem algumas facetas deste arcano, como veremos mais tarde.
Os Arcanos Menores corresponde aos aspectos da vida prática, divididos em quatro naipes:
Ouros, associado ao elemento Terra, representa a vida material.
Copas, associado ao elemento Água, representa a vida afetiva.
Paus, associado ao elemento Fogo, representa nossa vida social e profissional.
Espadas, associado ao elemento Ar, representa a intelectualidade e os conflitos.
Parece natural associar o naipe Ouros e o elemento Terra à vida material. Copas, por lembrarmos do símbolo moderno do naipe (um coração), também é fácil associar aos sentimentos. O elemento Água é associado aos sentimentos pela sua instabilidade e também porque o mar, uma grande massa de água, é um grande símbolo inconsciente, de onde brotam muitas de nossas emoções.
O Fogo é o elemento das relações sociais porque primitivamente as pessoas se reunião em volta do fogo. Um resquício disso está no churrasco entre amigos. Paus está associado ao fogo porque a madeira é usada para armazená-lo (uma fogueira) ou transportá-lo (uma tocha).
Do mesmo modo é fácil associar o naipe de Espadas aos conflitos, mas é difícil de associá-lo à intelectualidade e ao elemento Ar.
Há uma história de Merlim que pode nos auxiliar:
Merlim certa vez dava facadas no ar, parecendo completamente louco. O jovem Arthur, vendo aquilo, perguntou:
– Mestre, o que está fazendo?
Merlim parou a pantomina e olhou sério para Arthur e respondeu:
– Estou pensando!
Arthur, com ar pasmado perguntou:
– Pensando?
– Sim, pensando! – respondeu o velho mestre – Não é assim que vocês pensam?
Merlim com gesto exagerados tentava mostra a seu discípulo a natureza do pensamento. Quando tentamos resolver um problema, o analisamos, dividindo-o em pedaços menores. O conhecimento da Medicina avançou muito, após dissecarem-se cadáveres. Também usamos a divisão quando estamos decidindo algo. Aliás, decidir significa cortar.
O Ar, quando em movimento se torna Vento e o Vento pode se tornar violento, um vento cortante como uma espada.
Os Ases e as Cartas da Corte
Cada um dos naipes é precedido por um ás, que é de fato a carta número um. Aqui número um tem a conotação de ser o principal, ou o melhor dando este significado à palavra ás.
Um Ás anuncia o tema do naipe.
Já as cartas da corte significam 16 tipos de personalidade, associando-se o elemento com a hierarquia e faixa etária da personagem. Os valetes seriam púberes; os cavaleiros, jovens; as damas, mulheres e os reis, homens adultos. Há uma predominância maior no sexo masculino, talvez porque a origem das cartas. As cartas mais antigas são do século XIV, onde a mulher ocupava um posto secundário.
Para atenuar este desequilíbrio, o Tarot Encantado, de Amy Zerner, alterou os pagens para princesas. Assim, seriam oito homens e oito mulheres.